Nascida em 1950, a brejeira também é famosa pela cachaça artesanal que produz no sítio Santo Antônio, onde vive à beira-mar, a 8 km do Centro de Paraty. “Mantenho o alambique desde 1994, mas só dois anos depois comecei a produzir cachaça. No início era bem experimental, fui testando, e em 2000 registrei a marca e fui fazendo pequenas quantidades”. Maria Izabel cuida de todas as etapas de produção da bebida, da plantação da cana ao engarrafamento, com direito a pausas para receber suas seis filhas e oito netos.
Toda a cana-de-açúcar usada é plantada em encosta, o que aumenta a concentração de açúcar na cana, e junto ao mar, fator que tradicionalmente explica o diferencial das aguardentes de Paraty. A colheita é manual. A pequena e disputada produção ? cerca de 7 mil litros por ano ? é feita com técnicas dos antepassados: “Faço bem nos moldes de antigamente. Acho que sou a única da região que ainda prepara o próprio fermento”.
Antes de se dedicar à cachaça, Maria Izabel fez de tudo um pouco: “Eu costurava, fazia pão integral para vender, tinha um viveiro de plantas ornamentais, vendia banana, usava meu barco para oferecer passeios turísticos”. Tão versátil quanto autêntica, a mulher de pés na terra é conhecida como uma “figura lendária” da cidade.
“Eu simplesmente fui levando a vida, os caminhos foram se fazendo. Uma coisa que talvez explique essa imagem é que sempre briguei para ser o que sou, pelos meus ideais. Não segui modelos preparados sobre como deve se comportar uma menina. Fui quebrando isso e batalhei para que a opinião dos outros não interferisse nos meus princípios.”
Fonte: http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/maria-izabel